terça-feira, 11 de outubro de 2011

as salamandras

Engrandecidos amigos,

Tudo se faz escuro agora. Nossos olhos ainda buscam acostumar-se…

Eis que estávamos na planície, elevados por uma sublime melodia, quando reencontramos nossas amigas aladas. Vinham da encosta de nuvem vermelha a nossa frente, agora em maior número e ainda mais bem dispostas. Voavam em torno de nós, tirando medidas e estendendo fios de eletricidade vermelha na cosedura de trajes especiais, todos bordados com padrões semelhantes aos da canoa que nos levara até ali.

Em seguida, como haviam feito na madrugada, os pequenos seres nos envolveram em seus lenços ocultos e levaram-nos flutuando em direção à encosta. Mas desta vez algo assustador acontecia: à medida em que nos movíamos, íamos diminuindo de tamanho, até ficarmos tão diminutos quanto as fadas que nos conduziam!

Chegamos assim à frente de pequenas portas incrustadas na nuvem vermelha que à distância eram-nos invisíveis. Cada qual tinha uma inscrição diferente, escrita em uma antiga língua do Chão da qual eu pouco me recordava. Ali, o entra e sai de criaturinhas ruivas era constante: saíam por uma porta sempre segurando uma bolha de eletricidade vermelha e voltavam de mãos vazias.

Olhávamos para tudo isso do deque onde havíamos pousado, diante de uma porta dupla com inscrições que eu me esforçava por compreender. Percebi, afinal que diziam algo sobre geradores de energia. Então a porta se abriu. De lá de dentro vimos surgir uma pequena salamandra muito vermelha, acompanhada por outras duas salamandras tão vermelhas quanto a primeira, mas ainda menores. A maior delas nos encarou por alguns instantes, sorriu e nos cumprimentou:

"Bem vindos ao gerador de energia primária de Clareada! É aqui que se produz quase toda a energia necessária para que as plantas, animais e pessoas comecem a viver. Somos responsáveis também por produzir todos os raios e trovões da nossa querida nuvem. Estamos envolvidos em um de nossos maiores projetos agora, a chuva final de Clareada. Venham! Vou lhes mostrar a maravilha que é criar um trovão!"

Deixamos assim nossas aves brincando com as fadas sublimadas e seguimos porta adentro. Tão logo o último de nós pôs o pé no interior do lugar, a porta se fechou atrás de nós, deixando-nos na companhia de nada além de escuridão. A voz de Celina, a salamandra maior, foi o que nos resgatou do desespero ao dizer "Não tenham medo, sigam os miosótis", fazendo-nos assim ver que uma trilha de pequenas flores luminescentes mostrava um caminho a seguir.

Já não sei quando retorno com novo relato… É preciso desvendar este negro espaço onde há dias caminhamos…

Um comentário:

  1. Tenho medo dessas salamandras...
    ...E a minha maravilha predileta é a amarela!!! Até agora...

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